Ácidos graxos ômega-3 para prevenção e sobrevivência ao câncer de mama

Ácidos graxos ômega-3 para prevenção e sobrevivência ao câncer de mama

Embora se pense que a força motriz predominante na carcinogênese de mama seja hormonal, a produção e a inflamação de citocinas também estão sendo reconhecidas como importantes no desenvolvimento e progressão do câncer de mama.

Os ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa, ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosaexaenoico (DHA) são importantes para mediar lipídios bioativos na resolução da inflamação. Hoje, há interesse no uso de ácidos graxos ômega-3, na forma de suplementos para reduzir o risco de câncer e outras condições debilitantes crônicas, incluindo doenças cardiovasculares e seu comprometimento cognitivo.

Como falado em outras postagens, os ácidos graxos ômega 3 são ácidos graxos poli-insaturados essenciais que desempenham papeis importantes na estrutura da membrana celular.

Como o EPA e o DHA supostamente agem para prevenir o câncer de mama?

A maioria dos estudos que avaliam o EPA e DHA para redução do risco de câncer de mama são realizadas in vitro ou em modelos animais, estando longe de ser conclusivos os resultados. No entanto, acredita-se que os mecanismos predominantes sejam: redução nos eicosanoides pró-inflamatórios e um aumento nos derivados de resolução de inflamação.

Em modelos pré-clínicos de prevenção do câncer de mama, estudos com roedores descobriram que aumentar a proporção de ômega-3 total reduz a incidência e multiplicidade do câncer mamário em 20 a 35%. Foram observadas reduções na incidência do tumor nos camundongos. Além disso, vários estudos pré-clínicos sugerem que a suplementação de ômega-3 pode ser a melhor opção para a prevenção do câncer de mama positivo para o receptor de estrogênio quando usado como outro agente de quimioprevenção, como a vitamina D.

Quanto aos estudos em humanos, os resultados de estudos caso-controle e coorte têm sido variados, provavelmente devido à heterogeneidade das coortes, além de métodos usados para avaliar a exposição ao ômega-3 e ômega-6, assim como outros fatores que interferem em resultados mais precisos, como tempo de exposição, dose e desfecho da resposta.

Uma meta-análise que reuniu dados de 16 estudos de coorte prospectivos que examinaram a ingestão de ômega-3 marinho sugere uma redução no risco de câncer de mama quando indivíduos com maior ingestão são comparados com aqueles com menor ingestão, tanto na dieta ou com suplementos. Em um desses estudos, o uso de suplemento de óleo de peixe em mulheres com idade de 50 anos ou mais foi associado a uma redução de 32% no risco de câncer de mama.

Em outra meta-análise que combinou seis estudos prospectivos de caso-controle e cinco de coorte, onde reuniram dados de mais de 274.000 mulheres e mais de 8.300 eventos de câncer de mama, as conclusões foram que cada incremento de 1/10 na proporção de ômega-3 e ômega-6 na dieta estava associada a uma redução de 6% no risco de câncer de mama.

Há grande interesse quando se fala em melhora de resultados após diagnóstico de câncer de mama. Nesse sentido, em estudo com mais de 3000 mulheres, foi relatado que a ingestão mais alta de EPA e DHA (ômega-3) de fontes alimentares estava associada a uma redução de 25% na recorrência do câncer de mama e melhora na mortalidade geral.

Como já falado em outras postagens, o EPA e DHA podem ajudar a reduzir eventos cardíacos. Esse assunto é de grande interesse, pois os eventos cardíacos são a segunda causa mais comum de mortalidade em mulheres com câncer de mama e a causa mais comum de morte em mulheres com câncer de mama em estágio 1 acima de 65 anos. O EPA e o DHA reduzem os triglicerídeos e a agregação plaquetária e efeito antiarrítmico.

Como conclusão, os autores sugerem que o consumo de ômega-3 pode ser favorável para prevenção do câncer de mama primário e secundário em indivíduos com risco aumentado, bem como sobreviventes de câncer de mama.

Fonte: Fabian, C. J., Kimler, B. F., & Hursting, S. D. (2015). Omega-3 fatty acids for breast cancer prevention and survivorship. Breast cancer research : BCR17(1), 62. doi:10.1186/s13058-015-0571-6

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