Consumo de glúten a longo prazo e risco de doença coronariana

Consumo de glúten a longo prazo e risco de doença coronariana

Será que o consumo de glúten pode aumentar o risco de doença coronariana? O glúten é formado por proteínas denominadas prolaminas e glutaminas, que são responsáveis por causarem a elasticidade às massas e pães. Atualmente, há muitas discussões por profissionais da saúde e leigos sobre possíveis malefícios que seu uso pode causar à saúde. Porém, diferentemente do que se propaga, o consumo do glúten está associado a benefícios à saúde.

Em estudo que avaliou uma coorte de enfermeiros, composta por 64714 mulheres e 45303 homens, os autores tiveram como objetivo examinar a associação entre o consumo de glúten, a longo prazo, e o desenvolvimento de doença coronariana. O acompanhamento da coorte foi de 26 anos, sendo que nesse período 2431 mulheres e 4098 homens tiveram doença coronariana.

Os participantes que consumiam pouca ou nenhuma quantidade de glúten tiveram uma incidência de doença coronariana de 352 para cada 100 mil pessoas por ano, enquanto que os que consumiam altas quantidades tiveram incidência de 277 para cada 100 mil. Ainda, foi realizada análises incluindo outros fatores de risco para a doença e de acordo com os tipos de grãos. Nenhuma dessas análises estratificadas mostrou maior risco de doença coronariana para quem consumia altas quantidades de glúten. Como conclusão, a ingestão de glúten a longo prazo não foi associada a risco de doença coronária. Além disso, evitar o glúten, provavelmente relacionado à diminuição de grãos integrais, pode aumentar o risco cardiovascular. Por esse motivo, dietas sem glúten não devem ser incentivadas, exceto para portadores de doença celíaca.

Como visto, o glúten pode ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares. Provavelmente isso ocorreu pelo fato de os grãos integrais serem benéficos à saúde e não pelo glúten em si. É claro, que para quem tem doença celíaca, seu uso deve ser totalmente evitado. Profissionais que defendem a exclusão do glúten em pessoas sem doença celíaca usam embasamento científico muito fraco e, normalmente, querem se promover às custas de dietas da moda.  

Por fim, em estudo de revisão, foi identificado que as dietas sem glúten podem aumentar o risco de deficiências nutricionais, especialmente as vitaminas B, ferro e minerais. Também foi identificado que os produtos sem glúten eram amis caros, possivelmente pela propaganda que gira em torno desses produtos. Além disso, essas dietas estiveram relacionadas a baixo consumo de laticínios. Portanto, excluir o glúten da sua alimentação, pode ser perigoso à sua saúde e não trará nenhum tipo de benefício.  

Referências:

Lebwohl B, Cao Y, Zong G, Hu FB, Green PHR, Neugut AI, Rimm EB, Sampson L, Dougherty LW, Giovannucci E, Willett WC, Sun Q, Chan AT. Long term gluten consumption in adults without celiac disease and risk of coronary heart disease: prospective cohort study. BMJ. 2017 May 2;357:j1892. doi: 10.1136/bmj.j1892. PMID: 28465308; PMCID: PMC5421459.

Jones AL. The Gluten-Free Diet: Fad or Necessity? Diabetes Spectr. 2017 May;30(2):118-123. doi: 10.2337/ds16-0022. PMID: 28588378; PMCID: PMC5439366.

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