É bastante comum ouvir falar que o consumo moderado de vinho exerce benefícios à saúde cardiovascular, de fato alguns estudos mostram isso. Nesse artigo será mostrado os resultados de uma revisão sistemática cujo objetivo foi investigar o papel protetor do vinho em relação à saúde cardiovascular.
O vinho é uma bebida alcoólica de composição complexa que é obtido através da fermentação da uva, portanto sua qualidade e variedade de uvas utilizadas tem impacto direto na composição do vinho. O vinho tinto é rico em polifenóis, sendo o resveratrol o mais atribuído à proteção cardiovascular.
Em relação aos tipos de vinho, o vinho tinto tem, em média, 10 vezes mais polifenóis que o vinho branco, por isso que o vinho branco acaba sendo alvo de menos estudos relacionados à saúde.
Quanto aos mecanismos de proteção do vinho tinto, os polifenóis reduzem a agregação de plaquetas e melhoram a fibrinólise. Os polifenóis são antioxidantes muito potentes, que melhoram o perfil lipídico, reduzindo a suscetibilidade do LDL à oxidação. Enquanto que a ingestão de vinho tinto pode ser capaz de aumentar os níveis de HDL (colesterol bom).
Em estudo feito na Dinamarca, a mortalidade por doenças cardiovasculares diminuiu em níveis significativamente estatísticos entre os indivíduos que bebiam vinho moderadamente, sendo que esse consumo moderado exerceu um papel protetor maior em relação ao consumo moderado de cerveja. Em outro estudo, dessa vez em Oakland e São Francisco, foi demonstrado que pessoas que consumiam quantidades pequenas à moderada de vinho tinto tinham baixo risco de desenvolverem doenças cardiovasculares, com redução do risco ainda maior na população mais velha. Além disso, a preferência por vinho foi associada com significância estatística à redução de óbito nessa população, sendo que os mesmos efeitos não foram encontrados com indivíduos que bebiam cerveja ou outros tipos de bebidas alcoólicas.
Em um estudo observacional, os pesquisadores descobriram que indivíduos que preferiam vinho a outras bebidas alcoólicas tinham menor risco de morte por doenças cardiovasculares. Os mesmos resultados foram encontrados em outros três estudos com populações grandes, onde o consumo de vinho tinto foi associado a menor risco de doenças cardiovasculares.
O consumo de álcool ainda é algo muito controverso, alguns estudos falam que qualquer quantidade pode ser maléfica para a saúde, enquanto que outros pesquisadores defendem que quantidades moderadas exercem benefícios, como pode ser visto na maioria dos estudos dessa revisão.
Do ponto de vista da saúde pública, o consumo de bebidas alcoólicas não é algo muito bom, mesmo que esse consumo seja moderado, pois existem algumas evidências que o consumo de álcool causa abstinência levando a um aumento crescente dos distúrbios relacionados ao uso de álcool. O consumo excessivo de álcool pode levar a problemas sociais e pessoais, muitas vezes destruindo a própria vida do indivíduo e de quem está ao seu redor.
Portanto, em pessoas com dependência de álcool ou casos de dependência na família, a melhor opção é ficar longe de bebidas alcoólicas, mesmo que essas possam exercer um possível efeito protetivo contra doenças cardiovasculares. Quanto às quantidades que se enquadram em consumo moderado, como dito anteriormente, aproximadamente 100-150 ml por dia de vinho tinto parece ser benéfico à maioria da população. Se, por acaso, para você for difícil tomar apenas essa quantidade diariamente, existem outras formas de proteger seu coração contra doenças cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de 10 a 12 gramas de álcool por dia, no máximo, o que equivale a uma taça de vinho de 100-150 ml, dependendo do vinho.
Em conclusão, os autores identificaram o consumo moderado de vinho podem conferir benefícios contra doenças cardiovasculares.
Em geral, o que se pode tirar disso é que consumir vinho moderadamente pode ser benefício à saúde, mas, se você não consegue ficar apenas em uma dose (no máximo 150 ml por dia) é melhor manter distância, pois um consumo superior a isso pode ser prejudicial à saúde. Nesse caso, existem outras alternativas para buscar esses benefícios do resveratrol, como consumo de suco de uva ou suplementação de resveratrol.
Fonte: HASSEEB, S., et al. Wine and Cardiovascular Health: A Comprehensive Review. Circulation, v. 136, n. 15, p. 1434–1448, 2017.